CULTO ONLINE – QUARTA 19:30h | 09/04/2025

CULTO ONLINE – QUARTA 19:30h | 09/04/2025

Por Lírio Armação | 9 de abril de 2025

Aprofunde-se na Palavra – Transcrição do Nosso Culto

Texto base – Isaías 6:1-9

Se você puder ficar de pé pra gente ler a Bíblia, eu queria lhe convidar a abri-la no livro do profeta Isaías, capítulo 6.

Eu tenho algumas fixações temáticas, e quando alguma coisa me abençoa, eu acabo repetindo ela muitas vezes. Vou fazer coro ao apóstolo Paulo. Ele diz assim: “Eu não me inquieto em dizer-vos sempre as mesmas coisas, porque isso é segurança para vocês.” estou usando o apóstolo Paulo pra pedir desculpa caso alguém já tenha me visto pregar nesse texto — que é bem possível. Me perdoe caso esteja sendo repetitivo, mas é que esse texto tem sempre falado comigo. Eu gosto muito de falar sobre ele.

Capítulo 6, versículo 1 do livro de Isaías diz assim — a gente vai ler do versículo 1 até o começo do versículo 9:

Está escrito assim:

01 – No ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto e sublime trono, e as abas de suas vestes enchiam o templo.

02 – Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas: com duas cobria o rosto, com duas cobria os pés, e com duas voavam.

03 – E clamavam uns para os outros, dizendo: ‘Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória.

04 – E os umbrais das portas se moveram com a voz do que clamava, e o templo se encheu de fumaça.

05 – Então eu disse: ‘Ai de mim! Eu estou perdido, porque eu sou um homem de lábios impuros, eu habito no meio de um povo de lábios impuros, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos.

06 – Então um dos serafins voou para mim, trazendo na mão uma brasa viva, que havia tirado do altar com uma pinça.

07 – Com a brasa, tocou minha boca e disse: ‘Eis que essa brasa tocou seus lábios, a sua iniquidade foi tirada, o seu pecado perdoado.

08 – Depois disso, ouvi a voz do Senhor que dizia: ‘A quem enviarei? E quem há de ir por nós?’ Eu respondi: ‘Eis-me aqui, envia-me a mim.

09 – Então ele disse: ‘Vá.’

É suficiente, que o Senhor nos abençoe com Sua Palavra e que sejamos transformados à Sua imagem e semelhança. Podem se assentar, meus queridos irmãos.

Recentemente eu estava discutindo um tema muito relevante num grupo. E, na hora em que ficou evidente, né, que o Vitória só perdeu o Campeonato Baiano porque foi roubado, nosso querido pastor Saulo perdeu a estribeira. Eu peço que os irmãos orem por ele, porque ele não suportou o peso da verdade, lidou mal com o tema. Amém? Acontece.

Mas algumas pessoas ficaram muito surpresas e dizendo assim: “Nossa, a duplinha de irmãos brigando por causa de futebol!” Esse é o tipo de surpresa que tem quem olha pra Saulo aqui na igreja. Acha estranho ele tá brigando por futebol, mas eu… eu já vi Saulo brigando comigo pra ver quem ia lamber a pá da batedeira na hora que minha mãe estava fazendo bolo. Então não me surpreende esse tipo de coisa.

E eu ofendi de graça aqui o nosso irmão e pastor só pra lembrar desse evento interessante — que as crianças da década de 90 viviam numa época em que essa conversa de não dar doce pra criança era impensável. A gente tinha essa mania, né, de lamber a pá da batedeira, de meter o dedo no leite condensado na hora que a mãe estava se preparando pra fazer o brigadeiro. Ou ainda procurar o leite condensado que estava na geladeira, meter aquele dedão assim, botar na boca… aquilo era uma maravilha.

Não sei como a gente tá vivo até hoje, porque ô dieta maravilhosa era da criança dos anos 90. O lanche da escola era salgadinho com Pepsi. Ô bênção.

Mas eu lembro desse evento e puxei esse assunto pra falar sobre santidade, porque é sobre santidade o capítulo 6 de Isaías.

O capítulo 6 de Isaías é a santificação de Isaías. É a consagração de Isaías. A partir do capítulo 6, Isaías é considerado santo. Ele é consagrado profeta no capítulo 6. E é um capítulo sobre santificação. A santificação de Isaías são esses versículos que a gente leu.

Então eu queria falar um pouco sobre santificação. Eu queria começar tentando entender o que é santificação.

Eu tenho um problema com essas palavras que só existem na boca de crente: fé, santo, igreja… porque são palavras que não significam nada do ponto de vista gramático. Elas não têm uma correspondência dicionária, porque são palavras que a gente chama de transliteradas. Elas não foram traduzidas. A gente pegou o original grego ou original latim e foi adaptando pro português.

Quando você pensa em santo, você pensa em quem? No seu marido? É uma… você pensa numa pessoa muito calma, uma pessoa sempre assim, que não se mistura com quem não presta, uma pessoa que não anda em más companhias. Tá batendo ainda a descrição, né? Né, minha esposa? Você pensa em uma pessoa que não levanta a voz, que tem até uma rodinha assim em cima da cabeça, iluminando… não tem sentido nenhum aquilo, né?

Então a gente precisa rever o conceito de santo.

Se você tem pelo menos um ano de crente, eu vou lhe perguntar: “O que é santo?” A sua resposta vai ser uma palavra aqui. Vamos ver se dá certo. Diga aí, um sinônimo de santo:— “Santo é… separado.”Tem alguém aqui que sabe o que é santo?Eu tenho um amigo que já divorciou seis vezes. Seis vezes. Santo não é isso. Seis vezes separado. Ó que bênção! Se santificou da mulher — não é isso.”Separado” é uma tradução literal do termo original, mas não explica tudo. Não basta se separar pra se santificar.Tem muita gente que se sente melhor do que todo mundo, e se sente mais santo do que todo mundo, porque se separou de todo mundo. Tem muita gente que, na verdade, já nem gostava do cunhado. Mas aí se converteu e disse: “Eu não posso mais andar com você porque agora eu sou santo. Fui separado do convívio. Tô lhe devendo 10 mil…” Mas isso não tem nada a ver.

Tem gente que acha que ser santo é nem falar com os colegas de trabalho, com aquela turminha do inferno, aí, que vai chegando quinta-feira, já vai pensando em como aprontar. Você nem… você nem fala com ele, nem dá bom dia, pra manter-se santo.

A gente acha que ser santo é isso. É não pisar num estádio de futebol porque lá tem gente que xinga. É não entrar no cinema porque lá vai passar um filme do qual eu tenho que estar separado.

Eu não sei se Jesus conseguiria ser santo desse jeito, porque Ele sentava numa mesa que tinha prostituta sentada comendo. E Ele não sentava de ignorante. Ele só sentava porque a prostituta estava ali, ele sentava numa mesa que tinha fiscal da Receita Federal corrupto, e ele não sentava para negociar a propina nem para evangelizar, ele sentava. Esse cara, ele sentava para comer com ele, para poder dividir aquele tempo, para ter tempo de comunhão com aquele vagabundo, daquele Zaqueu. É, a Bíblia diz isso sobre Jesus.

Então, ou Jesus não é santo — e eu descarto essa possibilidade — ou a gente tá entendendo um tanto errado o que que é santo.

Sim, o termo santo pode querer dizer separado, mas pode querer dizer também incomum, pode querer dizer diferente. O termo santo na Bíblia a gente consegue entender quando a gente olha para o que é que a Bíblia tá fazendo com as coisas que são santas.

Tem copo na Bíblia que é santo. Por quê? Era um copo comum como qualquer outro, e de repente Deus disse que aquele copo teria uma finalidade específica. Pra esse copo agora Deus tem um propósito. O copo virou santo.

Ah, o copo foi separado dos outros copos? Não apenas. O copo foi separado para um propósito. Isso é ser santo.

Sabe o que que é santo? O leite condensado em cima da mesa quando minha mãe estava fazendo bolo. Sabe por que aquele leite condensado? Porque minha mãe pegou todos os leites condensados que havia lá no mercado, e ela escolheu um e disse: “Esse eu vou usar naquele bolo.”

E aí botava lá em cima — pra tentar a gente, eu acho — mas botava ali em cima do balcão. E aí a gente olhava para aquele leite condensado e até achava que ele era um leite condensado como qualquer leite condensado. E a vontade que dava era meter o dedão e botar na boca. Mas, quando a gente chegava com o dedo perto dele, ela dava um belo de um tapa no punho, assim… É, tinha violência doméstica também, viu? Na década dos 90 não era pra amadores, não. Dava um tapa que a mão chega baixava na hora, assim.

E ela olhava pra gente e dizia: “Não toque nesse leite condensado, porque ele foi separado para um fim. Ele não é qualquer leite condensado, não. Ele não tá aqui como os outros leites condensado, que você chega e mete a mão e faz o que você quiser. Você tem uma ideia de usar ele para alguma coisa, mas eu santifiquei esse ingrediente para a receita que eu estou realizando. Ele tem um propósito. Ele não é mais qualquer um. Ele agora tem um fim. Então eu não posso mais permitir. Ele não é melhor do que nenhum dos outros leites condensados, mas eu escolhi esse leite condensado para um propósito, e eu não vou deixar ninguém tirá-lo desse meu propósito. Então eu vou santificá-lo, inclusive protegendo de quem eventualmente tentar meter a mão nele por não saber que ele é santo. Não trate esse leite condensado como se fosse profano, porque eu santifiquei.”

Era mais ou menos o que ela dizia com aquele tapa. Ela consolava a gente dizendo: “Depois eu deixo a pá da batedeira para você lamber.” Aí é que a guerra começava.

Mas o assunto não é esse. O assunto é que eu e você somos iguais àquele leite condensado. Deus nos santificou para que a gente faça parte de um projeto que Ele tem para realizar. É por isso que nós não somos mais qualquer um. Nós agora temos um propósito.

A vida da gente era fazer dieta, pagar boleto e esperar a morte. Agora, a vida da gente é fazer a vontade do Pai que nos enviou, porque agora nós fomos separados para um propósito. Isso é ser santo.

Ser santo é não ser qualquer um. Ser santo é ter o que fazer. Ser santo é ter uma ocupação, é ter um destino, ter um propósito, ter uma missão. Isso é ser santo.

Santificação é propósito. Santificação é ser colocado na missão de alguém maior que te santificou e te separou para aquele fim. Isso é santidade.

E agora a gente começa a entender algumas coisas. A gente começa a entender por que que Deus disse para algumas pessoas: “Não faça isso. Não. Guarde isso pro casamento.” Porque na vida de todo mundo o sexo é só um meio de ter prazer, mas na sua vida sexo tem um propósito de constituição de uma família segura, num lar abençoado, em que eu vou fazer com que a vida de vocês melhore.

Para todo mundo serve. Para você tem propósito. Foi santo. O sexo na sua vida é santo.

“Tá, mas fulano come o que quer…” É porque fulano não foi santificado ainda. Fulano é qualquer um. Mas seu corpo foi santificado. Então por isso é propósito de Deus que você trate ele adequadamente para o fim que o Senhor tem para a sua vida.

Seu dinheiro é santo. O dinheiro de todo mundo pode ser usado para qualquer coisa, mas o seu tem que ser para a glorificação da vontade de Deus.

Sua televisão, seus prazeres, seus conteúdos, o que você consome… Porque você foi santificado. Você não é mais qualquer um. É isso.

Muita gente acha que Deus é sádico, gosta de ver a gente sofrer e diz pra gente assim: “Eu não vou deixar você pegar o leite condensado porque, na verdade, eu não quero ver você tendo prazer.” Não. Quando Deus disse que determinada coisa é santa, quando Deus disse pra gente se santificar — e se santificar abstendo inclusive de certas práticas, guardando certas práticas para certos momentos, para certos contextos — Ele não tá dizendo que Ele não quer que você tenha prazer. Ele tá lhe dizendo que o prazer que você vai ter botando o dedo na boca com leite condensado é até bom, mas vai enjoar rápido. Já o prazer que você vai ter com o bolo maravilhoso que Ele vai fazer vai mudar a sua vida para sempre. Você vai querer, pro resto da vida, que Ele santifique mais e mais coisas na sua vida para você provar daquela receita, porque Ele é maravilhoso naquilo que Ele faz.

Lembrei da torta de tapioca de minha mãe, inclusive, que ela fazia com aquele bendito leite condensado. Se ela assistir essa mensagem: “Minha mãe, Deus tá falando com você, manda uma lá pra casa!”

Acho que tá todo mundo entendendo o que que é santidade, o que que é santificação, o que que é ser santo. A gente pode agora entender um pouco mais sobre a história de Isaías.

Pra começar: como é que começa o caminho de santificação? Como é que Isaías foi parar nessa rota de santidade? Como é que a gente entra num processo de santificação?

Eu já lhe digo: começa com o momento em que você começa a querer ser santo. E o que é querer ser santo? É querer ter um propósito. É querer ter uma finalidade na vida. Querer se ocupar, querer ter sentido na sua vida.

Vou lhe dizer: quem tiver filho aqui — eu tenho uma filha de 11 meses — eu nunca cheguei em casa para encontrá-la olhando no horizonte, e eu dizer: “Que foi, papai, que tá assim?” E ela dizer: “Papai, eu não encontrei ainda o meu propósito na vida.” Isso ainda não aconteceu.

E quem tem um filho aí de menos de 12 anos provavelmente nunca viu nada parecido, porque, de fato, uma criança não costuma ter demanda por esse nível de satisfação. Uma criança não tá preocupada com o propósito do que ela faz.

Isso nasce na adolescência, quando a gente começa a ficar grande demais para a nossa casa, e a gente começa a sentir que ter toda aquela bênção que é o afeto paterno, materno, não é suficiente. A gente quer a gente mesmo deixar uma marca no mundo, a gente quer a gente mesmo ter a nossa própria família, a gente começa a pensar em o que que a gente vai fazer da vida.

É na adolescência que começa essa sensação de que a gente tá virando adulto. Adolescer é isso: é virar adulto. Então é na hora que você começa a amadurecer que você começa a querer um propósito para a sua vida, começa a querer entender o que que você tá fazendo.

E gente, sabe o que que é amadurecer, no fim das contas? É querer mais. É essa sensação pretenciosa de quem acha que já tem o básico, mas ainda quer alguma coisa além. Eu vou além.

Não é só pretensão. É Insatisfação. Uma sensação de insuficiência. Tem uma hora na vida que você acha que a vida não é o bastante. Você precisa de um propósito. Tem uma hora na vida de todo mundo que você sente que, pô, nem o dinheiro tem toda essa graça assim. Nem o sexo, nem a comida, nem nada que você eventualmente use, frua, te satisfaz. Parece que falta alguma coisa. Você quer algo mais. Todo mundo passa por esse processo na vida, e você vai passar também, se não já tá passando.

Isaías passou por esse processo. Mas, pra ele passar por esse processo, ó o que Deus fez. Isaías era provavelmente sobrinho do rei Uzias. Há escritos tradicionais indicando isso. No mínimo ele era de família ou real ou sacerdotal, mitier. Em outras palavras, Isaías era da galerinha. Faltava o quê pra uma pessoa dessa, né?

Isaías vai começar a trabalhar. Ele ia no IAT, comentava com alguém: “Ô bicho, estou querendo um trampo, cara.” “Pô, construtora de meu pai lá, pô, cola lá, já começa como superintendente.” Vida fácil, de quem tem um grupo de amigos e tudo mais. Era a vida de Isaías. Ele era super engajado, inteirado. Rei Uzias era uma das figuras mais admiradas da história de Israel. Um rei que todo mundo amava. Então, não faltava nada na vida desse homem. Ele, pelo menos, não sentia falta de nada.

Aí o texto do capítulo 6 mostra que aquele ano — o ano que Isaías se santificou — foi também o ano em que morreu o rei Uzias. A segurança, a base, a tranquilidade que ele tinha foi por água abaixo. E aí não tem como não sentir falta.

Eu vou lhe dizer: glória a Deus. Glória a Deus por algumas coisas que eventualmente você sinta que Deus está lhe tirando. Glória a Deus pelos reisas que você sente que estão morrendo. Glória a Deus pela falta que te fez procurar uma experiência com Deus. Se for necessário que o Senhor tire alguma coisa pra você sentir falta — porque é só quando a gente sente falta, quando a gente quer mais, que a gente vai atrás de se santificar.

Só busca um propósito na existência aquele que sente que tá faltando alguma coisa. Se você tiver sentindo que sua vida não falta nada, eu oro para que alguma coisa vá embora, pra que comece a faltar. Que bom que começou a faltar alguma coisa na vida de Isaías, porque o rei Uzias morreu.

Imagina: o reiás morto, ele pensando “E agora? Quem vai colocar as coisas em ordem?”. A vida agora que estava tranquila virou um caos. E isso acontece. E a minha vida, nesse momento, a minha vida era uma bênção e estava super. Ano passado estava mais de brigadeiro, minha filha nasceu e tal. Esse ano continua uma bênção, mas tá tudo virado da vez. Hoje minha esposa chegou em casa e falou: “Bido” — ela chama assim às vezes, marido virou “bebido”, “bido”, enfim, bidou, né — e tá glória a Deus, glória a Deus. Porque o Senhor às vezes permite — quando não é Ele mesmo que mete o dedo — pra embolar o meio de campo.

Acontece. Às vezes a coisa segura vira do avesso. E é nessa hora que você decide como você vai buscar algo que preencha a sua falta. Tem gente que evita pensar no que tá faltando. Pensamento positivo: “Olha o copo meio cheio”… esqueça essa conversa besta. Se tá faltando, assume e vai atrás de quem pode preencher.

Sabe quem é? O Senhor dos Exércitos. O Deus Todo-Poderoso.

Quando Isaías sentiu que o rei Uzias morreu, ele foi pro templo de Deus. O lugar onde ele achava que talvez pudesse haver alguma coisa que o preenchesse. Ele acertou na mosca. No ano em que morreu o rei Uzias, eu vi o Senhor, sentado num alto e sublime trono, e a sua glória enchia o templo.

Tá faltando alguma coisa? Vai pro quarto orar. Tá sentindo um coração vazio? Vai aos pés do Senhor. Vai olhar no lugar em que você acha que Deus se manifesta, o jeito como você acha que você tem pra conversar com Deus. É isso que você precisa fazer quando você sente que falta alguma coisa. Deus permite a falta pra gente buscar quem a supra. E quem supre todas as faltas é o Senhor dos Exércitos.

Isaías foi até o lugar onde ele achava que encontraria Deus e foi assertivo no ato de encontrar Deus. E quando ele encontra Deus, a primeira coisa que ele vê sobre Deus — a experiência de quem tem uma falta e vai aos pés do Senhor — é: logo, logo a falta em tese continuaria, porque o rei Uzias continuou morto, e eu não sabia ainda quem era que ia ocupar o trono de Israel.

Mas ele viu que o Senhor estava sentado num alto e sublime trono. Podia haver um trono vago em Israel, mas no céu o trono continuava ocupado. As coisas podem estar caóticas na sua vida, mas Deus continua no controle de todas as coisas. Aquilo que sai do nosso controle não escapa do controle do Senhor. E é o que a gente descobre quando a gente olha pra Ele nessas horas: é que Deus tá calmo.

Teve uma época da minha vida que eu viajava muito, e meu sócio é o louco, né, do avião. Ele morre de medo. Só viaja drogado, toma uns 10 clonazepan e vai dormindo. Então, essas coisas de ter gente medrosa de avião ao seu redor te deixa com um pouco mais de medo. Começou a acontecer tudo que você podia imaginar. Até terrorista no meu avião já entrou — isso é história pro outro dia.

Mas em alguns momentos, há algumas turbulências que dão medo até em quem tá mais acostumado a voar. E uma coisa que eu aprendi nessa época e começou a me tranquilizar demais é que nessa época, viajando demais, eu comecei a reconhecer às vezes uns comissários de bordo. “Ah, minha irmã! Moça do voo de ontem!” e tal. E um amigo me ensinou isso, ele falou:

“Rapaz, eu sempre converso com a equipe. Porque, na boa, a equipe tá calma, quem primeiro vai saber se o avião vai cair são eles. Se a equipe tá calma é porque não chegou nenhuma informação ruim.”

Então, eu vou lhe dar uma dica: quando a coisa tiver muito fora do seu controle, você estiver se sentindo tenso, ansioso, vai orar. Se na sua oração Deus falar assim no seu ouvido: “Meu servo… eu tô tenso”, aí você fica também. Se você vir Deus com medo, se desespere. Se Deus confessar pra você que dessa vez: “Ih rapaz, essa aí eu não sei resolver”, aí você tem o direito de se desesperar.

Mas enquanto Deus estiver tranquilo, fique também. Enquanto Deus continuar falando ao seu povo mansamente, enquanto Deus continuar nos abençoando por meio de louvores que confortam o nosso coração, enquanto Deus te fizer se sentir paz, aceite a paz que Ele te dá. Porque ela pode até exceder o seu entendimento, mas ela guarda o seu coração de toda ansiedade.

Presta atenção em Deus. Olha pra equipe que tá no comando. Olha pro piloto. “Vai cair! Vai cair!” — o piloto tá lá tomando café: “Não vai cair”.

Vai. Vai.

E isso eu ouvi num voo desses. Num voo desses, finada Webjet, não sei quem lembra dessa companhia. Voo atrasando, demorando, e a gente começa a reclamar, e o piloto vai e fala:

.
“Senhores, é que estamos fazendo uma manutenção no motor da aeronave, por isso o voo está demorando.”
Aí começa uns três: “Como é? O motor tá quebrado? Eu não vou!” — levantaram três pra sair.
E quando começou esse burburinho, o piloto:
“Senhores, eu percebi que tem alguns saindo, mas eu queria dizer uma coisa. Eu também vou tá no voo. Minha esposa tá em casa esperando. Então se eu achasse que tem alguma chance de quebrar, eu não iria. Mas se algum dos senhores achar que entende mais desse avião que eu piloto há não sei quanto tempo do que eu, pode descer. Se não, confia. Porque vamos juntos.”

E chegamos. Deu tudo certo.

Então confia no piloto.

Tem um louvor antigo que a gente cantava dizendo assim:

.
“Se a fé por vezes falta…”
Aí o refrão diz:
“Ó, não temas, sou contigo, teu piloto até o fim.
Não te exp… não te importes com o perigo,
Mas confia na minha mão.
Confia em mim.”

O Senhor é o piloto desse avião. Fica tranquilo. Se Ele estiver também, quando Isaías viu que Deus estava no alto e sublime trono, ele percebeu: “Olha, a glória de Deus enche o lugar.” Onde Deus se manifesta, a glória de Deus enche a igreja, enche o meu espaço de oração, enche o templo. Então, tá tudo bem.

Mas se você quer se santificar mesmo, não só vá ao lugar de oração. Olhe para outras pessoas que já estão nesse lugar de oração, mas, ao mesmo tempo, olhe para quem vê Deus de vários lugares. Porque Deus é grande demais pra você contemplá-lo de um só vislumbre. Vá ao lugar em que Deus fala e olhe para quem já tá falando com Ele há mais tempo.

Foi o que Isaías fez nessa hora. Ó a surpresa: Isaías viu Deus, mas também viu um monte de gente que tava ali adorando a Deus. Ó, tem um grupo de gente que ele vê adorando a Deus, que são anjos, né? Na minha percepção. Mas Isaías só chama eles pelo nome deles, e o nome que ele dá a eles é “serafins”. Serafins, no hebraico, é serafs, e serafim é o plural de seraf. Seraf quer dizer “queimado”.

Queimado: gente que foi impactada, gente que foi queimada pela presença de Deus, gente que já tá marcada por Ele, gente que já tá… você olha praquela pessoa e você já vê Deus, porque ele já tá impregnado, já foi tocado, já foi atingido, já foi afetado. Gente que já foi mudada pela presença de Deus.

Quando Isaías vê gente que é serafim, quando ele vê anjos que já foram queimados pela presença de Deus, ele vê o que os serafins dizem. Ele vê um Deus cuja glória enche o templo, e um Deus que é separado dessa balbúrdia que tá aqui. Aqui tem uma confusão, mas lá no templo, no céu, no alto e sublime trono, distante de nós, Deus está separado de nós. É o que Isaías pensa.

Por isso que tá tudo bem com ele: porque aqui tá uma confusão, mas lá no céu tá tudo bem. Quando ele olha pra quem já tá mais acostumado a Deus, essas pessoas dizem algo diferente, ou algo mais amplo do que o que ele vê. Elas dizem assim: “Deus não tá separado coisa nenhuma. Deus é santo, santo, santo. O Senhor dos Exércitos. Ele não tá só distante dessa confusão — Ele tem um propósito, mesmo no meio dessa confusão. Ele tem um plano. Fique calmo. Deus tem um propósito. Deus tá fazendo alguma coisa. Deus é santo. Deus não tá sem ocupação. Deus tá trabalhando. Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos.”

Isaías achou que aqui, a igreja, o templo, o lugar onde Deus está, aqui a presença de Deus é sensível. Lá fora é o caos. Lá fora é o horror. Lá fora o bicho tá pegando. Mas aqui não. Aqui Deus tá, ô, lugar de segurança. É o que a gente às vezes sai pensando numa quarta, num domingo…

Aí os serafins dizem assim: “Deus é santo!” E vou te contar, meu amigo: toda a terra está cheia da Sua glória. Deus está solto. Deus não cabe na igreja. Deus tá trabalhando até no meio do carnaval, até na política, até em Brasília. Deus tá até no Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Deus tá… ô Senhor, me ajuda. Uns três processos parados lá, se o Senhor mover eu vou ficar tão feliz!

A glória dEle tá também onde as coisas não estão funcionando tão bem. Toda a terra está cheia da glória de Deus. Deus é santo, santo, santo. E quando os serafins dizem isso, quando Isaías percebe que Deus não está só na igreja, que Deus também vai com ele ao trabalho, que Deus não está preocupado só com o que ele faz na hora que ele ora… Deus está preocupado com o que ele faz até no quarto dele de dormir. Deus tá preocupado com o que ele faz no bar. Deus tá preocupado até com como ele se comporta no trabalho, no restaurante. Deus tá atento ao modo como ele saúda o garçom. Deus está solto. Está espalhado pela terra.

Abraham Kuyper, um pastor luterano — um pastor calvinista — dizia assim: “Não há sequer um centímetro da existência humana que Deus não reivindique para si, sobre o qual Ele não diga: ‘É meu.’”

Deus tá interessado em coisas que você considerava seculares. “Ah, isso aqui não… isso aqui é secular, isso aqui é sagrado, isso aqui é do mundo, isso aqui é da igreja.” Deus é dono de tudo. “O mundo pertence ao Senhor, a terra e a sua plenitude”, diz o Salmo 24. A glória está espalhada pela terra.

Quando os serafins dizem isso, Isaías vê a terra tremer. A terra… os umbrais da porta do templo se revolucionam, porque agora uma verdade foi estabelecida. Essa verdade — a de que Deus tá trabalhando — faz a diferença na existência humana. Essa verdade — de que Deus está trabalhando — mexe as coisas na terra.

Isaías começa a perceber isso: “Vixe! Deus não tá distante. Deus tá agindo. Tem coisas acontecendo ao meu redor. Deus tá trabalhando. Deus tá mexendo com o mundo.” Isso é maravilhoso! Deus está interferindo nas coisas. Deus está sarando a terra. Deus está curando enfermos. Deus está libertando cativos. Deus está santificando corruptos!

Lembra de Zaqueu? Que Deus sentou na mesa com ele? Esqueça a conversa de “Zaqueu era vagabundo, eu tô chamando porque eu sou um oprimido…” Porque Zaqueu se converteu. O Senhor mudou ele. Quem antes roubava, agora doa. Zaqueu pega metade da riqueza dele e doa. O que ele roubou, ele restitui quadruplicado. É Deus que tá fazendo isso. É a terra tremendo. É Deus.

Quando a gente vê gente se convertendo e a gente olha e diz: “Aquilo ali ainda não tá muito bem…” Tem uma música do pastor Rodolfo Abrantes — eu chamo de pastor, acho que ele nem é, mas pra mim é — e ele diz assim: “Só quem me conheceu doente vê como eu estou melhor assim.” Isso é o começo da caminhada cristã.

Quem já viu aquele seu irmãozinho que você acha que nem devia dizer que é crente… Quem viu quando ele não dizia que era crente, sabe que agora a coisa mudou. Ele já tá uma bênção — ainda que não seja do jeito que você quer — porque Deus tá trabalhando. A terra estava se movendo.

Só que quando Isaías percebe que Deus já está fazendo alguma coisa na terra, que Deus é santo, tem um propósito para essa existência… aí a coisa empena. Aí é hora de botar a mão na cabeça e fazer uma reflexão. Porque o capítulo 6 é o capítulo em que Isaías é santificado. Mas nenhum livro começa do capítulo 6. Isaías já era crente. Só não era ainda santo. Ele já tá no capítulo 6. É só aqui que ele vai virar santo, consagrado.

Mas e os cinco primeiros capítulos? Como é que estavam? Dá uma lida. Capítulo 1, tá lá Isaías reclamando do povo, dizendo: “Misericórdia, viu, Senhor! Até um boi sabe o caminho da manjedoura, até um jumento sabe onde é que ele tem que buscar comida, mas o povo do Senhor não entende…” Que ofensa mais grosseira do que essa?

“Você não é burro, não, pô. O burro é mais inteligente que você.” É o que Isaías tá dizendo ao povo: “Você não é burro, não, porque o burro entende. Você não.”

Capítulo 5 é o capítulo dos “ais”. Isaías tá dizendo assim: “Ai dos que misturam bebida forte para se embriagar, ai dos que chamam mal de bem e dos que chamam bem de mal. Ai de João, ai de Maria, ai de Francisco, ai de todo mundo. Ninguém presta.”

Sabe quem que Isaías me lembra? Eu. Você também.

Nenhum esporte une mais o Brasil do que falar mal de alguém. Nada une mais o mundo do que falar mal. Tenta chegar numa fila de banco e dizer: “Gente, que dia lindo, hein?” Vê se vai ganhar um amigo. Uns três vão te olhar com raiva. “Pô, parceiro, sério?” Tenta chegar na segunda-feira dizendo: “Ai, gente, empolgada pra produzir! Vamos!”

Mas encosta do lado e diz: “Que chefe mala, hein?” Você ganhou um irmão. Você ganhou um irmão. Tem coisa melhor do que achar alguém que odeia as mesmas pessoas que você odeia? Alguém que fala mal das mesmas pessoas que você fala mal? Nossa! Parece que nasceram na maternidade assim, gêmeos.

“Ai, gente, ela parece tão inteligente, porque ela acha aquelas mesmas pessoas que eu acho insuportáveis. Ela não aguenta.” Une. Une. Vamos falar a verdade: une. Fofoca une demais. O ódio une demais. Essa coisa de falar mal…

Porque todo mundo é “madeiras da indú”, todo mundo é palmatória do mundo, todo mundo sabe o que tá errado. A gente não sabe consertar, mas todo brasileiro sabe qual seria a escalação correta da seleção brasileira — menos o técnico, que por acaso acabou de ser despedido. E tá todo mundo festejando.

Carpini passou 23 jogos invicto no Vitória. Foi um recorde. Ele tá uns cinco jogos indo mal, e toda a torcida tá pedindo a saída dele. Último jogo: “Burro! Burro!” Faz melhor, pô! É o famoso “Eu não sei fazer, mas sei quando tá errado.” Todo brasileiro é assim. Deve ser um fenômeno mundial, né? Deve ser um fenômeno humano.

A gente sabe quando tá errado. A gente gosta de falar mal. A gente sabe ver que tá tudo dando errado. É um… é um negócio.

Aqui, eu vou fazer um teste. Por favor, levante sua mão: quem acha que tem muita gente má no mundo, levante a mão, por favor. Pronto, pode baixar a mão. Quem é mal aí, por favor, levante a mão. Quem não presta. Só quem não presta.

A conta não bate. Você tá percebendo? A conta não bate. A gente tá falhando em alguma dessas avaliações aí. Ou a gente tá avaliando mal o mundo ao nosso redor, ou a gente tá se avaliando mal. Porque o mundo é cheio de gente igual a gente.

Quando Isaías percebe que Deus está trabalhando no mundo e fazendo a diferença no mundo, ele baixa a cabeça e pensa: “Vixe… então o problema sou eu. Ai de mim!” Depois de dizer “ai” de todo mundo, depois de perceber que tudo estava errado ao seu redor, ele tá perguntando: “Certo… se tudo estava errado ao meu redor e eu estou aqui, por que eu não consegui ainda fazer tudo começar a ficar certo? Que bênção sou? Que bênção é essa que eu sou, que não consigo melhorar ambiente nenhum por onde eu passo? Por que que ninguém presta ao meu redor, se eu já estou aqui há algum tempo? Eu já devia ter feito essas pessoas começarem a prestar… Porque onde Deus está, a terra treme. Deus é santo, santo, santo. Onde a glória d’Ele passa, alguma coisa acontece.

Como é que no meu trabalho não aconteceu nada ainda? Por que, na minha família, ninguém presta? Porque onde eu vou, todo mundo é ruim? Por que que todo relacionamento que eu entro me trata mal? Por que que todo chefe que eu tenho me enrola? Por que que todo colega que eu tenho é invejoso? Por que que todo o ambiente onde eu vou tá ruim?

Tem um traço comum em todos os lugares por onde eu vou: é a minha presença ali. E assim… ou eu sou a causa, ou pelo menos eu não consigo ser um obstáculo suficiente pra que o mal se manifeste. Ou eu estou causando o mal, ou eu não estou sendo portador da glória de Deus o suficiente para evitá-lo.

Porque onde a glória de Deus está, a terra treme. Deus é santo, santo, santo. Onde Deus tá trabalhando, alguma coisa acontece. Por que nada tá acontecendo nos lugares por onde eu passo? Por que eu não tô fazendo diferença na vida de ninguém? Por que que eu convivo com essa pessoa há 20 anos e ela continua agressiva? Por que que eu continuo com essa pessoa há tanto tempo e ela continua não prestando? Por que que eu não consigo botar juízo na cabeça desse meu filho?

Ai de mim. Ai de mim. Ai de mim.

Essa é a hora em que o processo de santificação de Isaías chega na fase mais dolorosa — e necessária. Não existe santificação sem “ai de mim”. Não existe santificação sem esse momento em que a gente para e percebe: “É, Senhor… quem precisa realmente ser transformado sou eu.”

Tem nada de errado com aquilo que o Senhor criou. Não é o mundo que precisa se consertar. Não sou eu que preciso de uma bênção, Senhor. O problema não tá no Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Não. Acho que eu tenho que olhar mais o ADVBox, que é o sistema do escritório. Me organizar um pouco mais pra cumprir meus prazos. Parece que eu tenho que entender um pouco melhor quais processos eu sou capaz de tocar, quais eu não sou.

Acho que eu tenho que estudar mais. Acho que eu tenho que ser mais diligente, achar uma ferramenta mais eficaz. Acho que talvez essa história que eu conto pra mim mesmo, de que é porque tá todo mundo fazendo errado e só eu fazendo certo…

Imagina o cara que tá sozinho na contramão pensando: “Estão todos na contramão.” Se você der a volta, a coisa começa a parecer que tá funcionando. Talvez o problema seja eu mesmo. Ai de mim. Sem “ai de mim”, não existe santificação.

Nessa hora, Isaías começa a sofrer e começa a dizer:

“Ai de mim, porque eu sou um homem impuro!”

.

Eu também não sou lá essas Coca-Cola toda. Eu tô falando mal de todo mundo. Meus lábios já estão aqui envenenados por tanta maldade que eu vejo em todo mundo. Se eu vejo maldade em todo mundo, talvez a maldade esteja nos meus olhos.

E beleza, não é só nos meus olhos não. As pessoas realmente são ruins. Eu habito no meio de um povo de impuros lábios. Além de ser uma pessoa impura, eu habito no meio de um povo impuro. E eu não estou fazendo a diferença.

Ai de mim, porque eu estou impuro. E ai de mim, porque o povo ao meu redor é impuro.

Na hora que Isaías diz isso, aí o serafim — quem já convive com Deus, que é um queimado (serafim é isso: é queimado) — sabe o que ele faz? Ele pega uma brasa e diz:

“Pronto, Isaías. Já posso queimar você também. Eu que sou um queimado, quero te convidar pro time dos queimados.”

.

E toca os lábios de Isaías com a brasa viva tirada do altar.

Meu amigo, eu já queimei a boca com queijo coalho. Eu não quero mais aquela sensação nunca mais. Estava tão gostoso. Foi um irmão daqui da igreja que me deu, não lembro quem foi, mas se você lembra, dê de novo. Eu botei o queijo coalho pra assar, aquela crochinha… Na hora que formou, eu cortei na panela mesmo, peguei com o garfo e meti na boca. Que imbecilidade. Fiquei com a boca toda estourada. Não quero nunca mais aquela sensação. Mas o queijo coalho, eu quero.

Agora, imagina uma brasa viva, com uma pinça, queimando o seu lábio. Misericórdia! Eu não quero sentir isso. O anjo tocou os lábios de Isaías. Eu imagino o grito. Se ele disse “ai de mim”, agora ele disse: “ai mim!”

E aí o anjo toca os lábios dele. Quando vê ele sentindo a dor, o anjo diz:

“Ah, agora dói em você. Agora tá doendo em você. Era isso que eu queria. Agora você vai parar de falar mal. Você vai sofrer e sentar e chorar junto com ele.”

.

Agora você vai perceber que ela é uma promíscua. Olhe o quanto faz mal a promiscuidade dela na vida dela. E chore junto com a mãe dela, pela vida que ela tem levado, em vez de sair por aí espalhando o que ela tem feito.

Ele é um falso. Você tá vendo como dói ser um falso? A maior vítima do pecado é quem o pratica.

Eu odeio ser roubado. Já fui. Odiei. Mas eu prefiro mil vezes do que ser um ladrão. Não quero. Não troco a minha vida pela dele. Jamais.

Coitado daquele homem que assaltou a gente uma vez aqui. Coitado de quem anda por aí fazendo maldade com todo mundo. Coitadas das pessoas que já me feriram. Nossa… elas são tão mais infelizes do que eu.

Eu sinto a dor de algumas dessas pessoas, principalmente porque eu sei que eu também ando fazendo maldade às vezes. Todas as vezes que eu faço maldade, minha consciência me acusa. Eu sofro. Dói. Ai de mim, porque eu sou um homem mau. Mas ai de mim, porque eu habito no meio de um povo de maus hábitos.

Coitadas das pessoas que andam por aí fazendo besteira, Senhor. Dói em mim agora a dor deles.

É muito comum me perguntarem:

“Ah, pastor, eu tenho um vício em pornografia. Eu consumo prostituição. Pastor, não sei como lidar com isso. Eu quero parar de gostar dessas mulheres e não consigo.”

.

Eu falo: “Aí sua vida vai pro inferno. Se você quer parar — se der certo seu plano — você vai piorar muito.”

Como assim, pastor?

Sabe qual o remédio pra você lidar com a pornografia, com prostituição, com essas coisas? Você gosta dessas mulheres, desses homens? Pronto. Comece a amá-los.

Ama a prostituta. Ama a moça do vídeo. Ama o cara que tá lá no vídeo. Mas ama como se fosse seu irmão, seu pai, sua mãe, sua filha.

E aí pensa: “Poxa, como é que o pai dessa menina tá agora?” E me dá vontade de chorar só em pensar. O pai dessa menina abrindo um site, vendo o vídeo da filha dele, dizendo pra todo mundo: “Eu não me senti amada na minha vida inteira. Por isso eu me dou por qualquer dinheiro, pra ver se alguém me diz: ‘Eu te amo.’”

Sinta a dor do pai dessa menina.

Na hora que você abrir um vídeo daquele, pensa assim: “Poxa, podia ser minha filha. Podia ser minha irmã.”

Quando ela disser o preço, você pensa: “Meu Deus, imagina minha mãe dizendo que por esse preço ela iria pra cama com qualquer um.”

Ama aquela mulher. Sinta a dor do pecado daquela mulher no coração de Deus. Seja queimado pelo amor de Deus.

Porque os queimados pelo amor de Deus, eles dizem: “Ai, Senhor.” E quem é queimado, quem começa a sentir… o maior pecado é a insensibilidade.

Nada representa mais o pecado do que não sentir a dor do mundo. Nada representa mais o pecado do que a insensibilidade de quem consegue julgar e dizer: “Por mim, vai pro inferno.” “Que bom que o Brasil é o país que mais mata gays, porque gay tem que morrer mesmo.”

Você precisa ser queimado se você pensa assim. Você só tem o direito de falar contra o pecado daquele homem ali se você for capaz de sentir a dor que ele sente por viver a vida que ele vive.

Senão, cala a boca. Porque esse é lábio impuro.

Se a gente não consegue sentir a dor do pecador, a gente não tem o direito de repreender o pecado. Quem não ama o pecador, cala a boca na hora que vê o pecado acontecendo, pra não pecar junto com ele.

Mas na hora que a gente sente a dor da vida dele, a gente pensa: “Ah, Senhor… coitado. Ah, Senhor, como o Senhor deve estar triste agora de vê-lo agindo assim. Ah, Senhor, como eu estou triste agora de ver o agindo assim. Ah, Senhor, o Senhor não tem prazer na morte do ímpio.”

É a gente que vai ter. A gente que vai dizer: “Bem feito!” quando alguém que não presta é agredido. Quando alguém que fez mal sofre o mal, a gente vai comemorar. Quando alguém que a gente acha que merecia ser punido…

É a gente que vai comemorar, soltar fogos, em vez de pensar:

“Ô Senhor, eu sei que é necessário que ele seja punido, que ele seja preso até, mas ô Senhor… que vida ruim que essa pessoa escolheu. Eu sinto a dor. Eu queria tanto poder evitar, Senhor.”

.

Quando Isaías começa a sentir essa dor, aí Deus começa a conversar com ele. Até então, você via. Mas agora o Senhor tá conversando.

E a conversa que Isaías ouve é assim ó:

“Então ouvi a voz do Senhor. E a voz do Senhor dizia: ‘A quem enviarei? Quem há de ir por nós?’”

Você, Isaías. Você agora é um de nós.

Você sozinho não conseguiu resolver o mal do mundo. O mundo continuou impuro mesmo você atuando no meio dele. Você julgou o mundo, e o mundo não se converteu.

Mas agora não é você sozinho. Agora o Senhor tá dizendo: “Existe um nós.”

Você não vai conseguir resolver o mal da sua família sozinho, não. Mas bora junto?

Ouça o Senhor dizer — fica de pé, por favor — ouça o Senhor dizer:

“Ei, agora que tá doendo em você… eu quero saber: você tá a fim de ir por nós? Você tá a fim de me representar?”

Nessa batalha eu quero enviar alguém. Nesse tribunal, eu quero enviar alguém. Nessa família, eu quero enviar alguém. Nesse estádio, eu quero enviar alguém. Nessa cidade, eu quero enviar alguém. Nesse país… bora, bora junto! É Deus que tá dizendo!

Então, ouvi a voz do Senhor que dizia: “A quem enviarei? Quem há de ir por nós?”

Você não tá indo sozinho. Você não tá indo por sua própria vontade. É o Senhor que tá querendo te enviar! É o Senhor quem tá dizendo: “Eu quero alguém pra eu fazer a diferença nesse lugar. Eu tenho uma ideia. Eu sou santo. Eu não sou qualquer um. Eu tenho um propósito. Eu não estou vivendo aleatoriamente. Eu não tô distante desse mundo. Eu não estou isolado, separado… não! Eu estou trabalhando. Eu quero fazer a diferença aí. Eu não sou indiferente ao sofrimento do mundo. Eu não sou indiferente ao pecado. Eu quero transformar as coisas. Eu quero saber: quem cola comigo? Quem há de ir por nós?”

E aí… você vai?

Se você tá ouvindo o Senhor te perguntar isso, é porque tá doendo em você. Porque você foi queimado. Você foi tocado. Você agora é um de nós. Antes era “ai deles”, agora não. Agora somos nós.

Saia do “quem olha pros outros como eles” e vem pra tropa do nós. Não é “ah, eles estão no sal”… não: nós estamos no sal! Porque um dos nossos irmãos…

A gente não evangeliza a prostituta pra ela virar nossa irmã. A gente avisa a nossa irmã que ela não é prostituta. É nós. Aquele seu colega não é seu inimigo. É nós.

Mas alguém precisa ir pra representar esse nós. “A quem enviarei, e quem há de ir por nós?”, pergunta o Senhor.

Isaías só ouve porque foi queimado. Se você tá sentindo a dor, se o Senhor tá te lembrando das pessoas que você sabe que estão sofrendo, porque precisam de uma luz… se você tá sofrendo porque precisa de uma luz… ouça a voz do Senhor.

Dessa vez vai ser diferente. É o Senhor quem vai te enviar. É o Senhor quem quer te enviar.

Naquela hora Isaías disse:

“Senhor… o Senhor já viu que eu tentei resolver as coisas e não deu certo. O Senhor já viu que, habitando no meio do povo impuro, não mudou nada. O povo continua impuro. Senhor, eu já disse ‘ai’ de todo mundo, e todo mundo continua fazendo tudo que eu disse que era pra não fazer… Mas dessa vez… se é o Senhor que tá chamando… eu não tenho nenhuma condição, mas eu tô ouvindo a Tua voz. Então, bora. Eis-me aqui. Envia-me a mim.”

Eis-me aqui, Senhor.

Se você tá ouvindo… se o seu coração tá ardendo… se você sente que o Senhor quer te usar, mesmo você não se achando capaz… tá dando uma vontade de salvar o mundo? Então diga ao Senhor:

“Eis-me aqui, Senhor. Pode me usar. Eu acho que o Senhor merecia usar coisa melhor, mas eu tô ouvindo a Tua voz. Meu coração tá ardendo. Essas coisas tão falando ao meu coração. Eu estou sentindo que parece que é comigo. Então… eis-me aqui. Envia-me a mim.”

Responda ao chamado do Senhor. Converse com Ele. Esqueça que eu estou aqui agora. Conversa com o Senhor, porque eu só sou um instrumento. É o Senhor que tá falando ao seu coração.

Essa pergunta — “A quem enviarei? Quem há de ir por nós?” — é o Senhor quem tá fazendo.

É o Senhor quem tá te mostrando as coisas que te incomodam. Sabe por que te incomoda? Sabe por que você não aguenta ver aquela situação? Sabe por que você olha praquilo e tem nojo, tem raiva, tem ódio? Porque o Senhor tá te chamando. O Senhor tá te queimando. O Senhor tá te dizendo: “Eu quero ir lá resolver, mas eu quero te usar.”

Doeu em você porque o Senhor quis te chamar pra ir resolver. Se você viu e ninguém mais vê que tá errado… só você vê… é porque o Senhor tá querendo te usar!

“Quem enviarei? Quem há de ir por nós?”

Responda aqui. Peça pro Senhor te enviar. Dessa vez vai ser diferente. Se Ele te mandar, eles vão te receber. Se Ele te mandar, as coisas acontecerão segundo a vontade dEle. E Ele é Santo, Santo, Santo. Toda a terra está cheia da Sua glória.

Os umbrais do templo tremem diante dessa verdade. Eterno Deus. Senhor dos senhores. Eterno Deus. Que toda a terra se encha com a Sua glória. Toda a casa se encha com a Sua fumaça. E que os meus olhos sempre vejam o Rei da Glória. Senhor dos senhores. Eterno Deus.

O meu desejo é sentir Você. Peça projeto ao Senhor. Peça que Ele te ilumine e te mostre a solução para o problema que tanto te incomoda. Se te dói… se queima seus lábios, então diga:

“Senhor, se o Senhor não tá achando outro pra resolver… envia-me a mim. Eis-me aqui, Senhor. Diga o que que é pra eu fazer.”

E eu parei. Direciona o Teu encontro. Junto com os anjos, eu cantarei. Dessa vez eu não vou sozinho. Sou eu, os anjos e o Senhor. Não tem como dar errado. O desejo é sentir Você. Você não vai sozinho.

“Quem há de ir por nós.”

Pelo “eu”, se você for, vai dar errado. Se você for com raiva, por força, por violência… você não vai resolver o problema. No máximo, você vai dizer pra todo mundo por que tá todo mundo errado.

Mas se você for por nós, pelo Espírito Santo de Deus… não há quem Ele possa resistir.

Uma canção de amor…

Que toda a terra se encha com a Tua glória.

Converse com o Senhor. Diga qual é o problema que mais dói em você. Porque o Senhor quer te enviar para ser parte da solução. O Senhor quer que você seja a resposta às orações que têm sido feitas a respeito desse tema.

Vejam o Rei da Glória, Senhor… A gente vai orar ao Senhor mais uma vez, Senhor, mas eu queria te contar uma história breve antes da gente orar.

Alguns séculos atrás, um homem queria muito ser pastor. John Wesley era seu nome. O sonho dele era subir no púlpito da Igreja Anglicana e pregar a melhor mensagem que ele pudesse formular. E ninguém deixava o homem subir no púlpito. A Igreja Anglicana, cheia de estruturas que engessavam — na opinião de muita gente — a ascensão ministerial, não permitia que John Wesley assumisse o púlpito. E aquilo deixava ele… hum…

Ele orava, e o que ele recebia do Senhor era: “Rapaz, se eles não estão te dando o púlpito pra pregar, prega onde eles dão!” Ó a rua aí, ó! Quanta gente tem! As pessoas que estão na igreja não estão querendo te ouvir. Ó quanta gente tem na rua que não pode entrar na igreja.

A gente tá falando de uma Inglaterra escravagista. Era a Inglaterra que financiava o comércio de escravos no mundo inteiro. A família real inglesa era dona da companhia de navegação que capturava os escravos na África e levava eles pro mundo inteiro. Eles eram a sede do inferno no mundo. Um dos maiores pecados que a humanidade cometeu, que foi a escravidão, ali era a sede.

E aí John Wesley vai pregar na rua, porque não deram a ele o púlpito. Quando ele começa a pregar na rua, quem ele acha na rua? Especialmente os escravizados, que ficavam na porta das igrejas esperando seus donos saírem dos templos.

E Wesley começa a pregar pra aquela gente simples, pra aquele povo sofrido, pra aquele povo oprimido, pra aquele povo escravizado. E ele começa a sentir a dor daquelas pessoas a quem ele nunca tinha visto, nem reparado. Ele começa: “Meu Deus, como é que eu nunca senti essa dor? Como é que eu nunca percebi que tem gente indo pra igreja e guardando o escravo do lado de fora?”

Aquilo começou a doer em Wesley. É dele a frase: “Minha paróquia é o mundo.” Ele começa a pregar pra todo mundo. Ele começa a compor. Pegava as músicas populares que os escravizados e os mais desvalidos conheciam e começou a botar letra cristã, pra poder ensinar, porque aquelas pessoas não sabiam nem ler. Ele não podia dar uma Bíblia — ele tinha que fazer uma musiquinha pra ela decorar a Bíblia.

Ele começa a se engajar, a se envolver, a se misturar, a participar — a fazer o contrário do que muita gente acha que é ser santo. Quando o “santarão” se separa, ele se mistura. Porque agora ele tinha um propósito na vida daquelas pessoas. Ele queria levá-las aos pés do Senhor.

Mas a dor daquelas pessoas começa a ser a dor dele. Ele começa a pregar, na Inglaterra, que não dá pra ser crente e racista ao mesmo tempo. Não dá pra dizer que Deus é bom se você tratar mal os seus funcionários. Não dá.

Começou a doer nele. Aquela hipocrisia começou a doer nele. Ele começou a vergar. Ele começou a falar contra aquela violência. E aí o Senhor toca ele. Ele sente que foi enviado pra pregar àquelas pessoas, a lutar por aquelas pessoas. Ele começa a fazer algo.

Wesley tinha acabado de enfrentar uma campanha missionária na América. Ele começou a tentar pregar pros índios, e ninguém se converteu. Ele voltou frustrado, pensando: “Eu não faço a diferença em lugar nenhum.”

Mas agora foi o Senhor que colocou ele ali. O Senhor que enviou ele ali. Ele sabia disso. E ele começa a pregar. E aí, muita gente começa a se amontoar na rua. Começa a dar mais gente na rua do que na igreja. Ele começa a pregar pra uma multidão, falando contra aquela violência.

William Wilberforce, um homem que se candidataria a deputado, se tornaria deputado, ouve aquela mensagem. Fica perturbado com a mensagem de Wesley. Começa a se tornar um partidário daquela luta de Wesley. E leva pra Câmara o projeto de abolição da escravidão no mundo.

E tem uma carta maravilhosa de Wesley pra Wilberforce, na véspera da votação do projeto, em que Wesley diz assim:

“Meu querido, essa dor que nos comoveu veio do alto. Foi o Senhor que nos fez sentir a dor desse pessoal. Foi Ele que nos enviou. Mas você vai enfrentar o inferno e todos os seus demônios é absolutamente impossível que o mundo decida criminalizar uma prática que sustenta a economia de todos os países e que deixa a família real mais rica. Isso é impossível! Os demônios e o inferno inteiro vão resistir a essa proposta de lei que você tá dizendo. Mas, se o Espírito Santo estiver ao seu lado, cairão um após o outro. E nada nos deterá. Porque ninguém é capaz de deter o poder do Senhor.”

Se foi o Senhor que nos enviou, nós iremos com fé, e venceremos.

O resto é história: a Inglaterra aboliu a escravidão. E começou a proibir a escravidão no mundo inteiro. Foi a Inglaterra que forçou o Brasil, inclusive, a proibir a escravidão. Começaram a colocar navios no meio do oceano para afundar navios que estavam indo capturar escravizados. Mudou!

Você tá entendendo o que acontece quando alguém diz: “Eis-me aqui, Senhor, envia-me a mim”?

Eu não sei de onde virá o recurso, de onde virá o poder, a influência… mas o Senhor vai transformar o mundo através da igreja. O Senhor vai mudar as coisas através da sua resposta ao chamado. Posicione-se e diga: “Eis-me aqui, Senhor, envia-me a mim. Eu não tenho condição nenhuma de vencer, mas nós… ninguém é páreo para nós! Ninguém vai nos deter, Senhor. Ninguém vai nos parar. Ninguém vai conseguir parar alguém que respondeu ‘sim’ a um chamado do Senhor.”

Vamos orar ao Senhor. Vamos entregar esse culto, mas vamos dizer “sim”. Vamos dizer: “Eis-me aqui, Senhor!” Porque o mundo precisa ser curado. Porque tem muita gente sofrendo no pecado. Porque, acredite, aquela pessoa insuportável… se você sofre por passar 8 horas por dia ao lado dela, imagina ela, que passa 24 horas por dia em si mesma?

Ore pro Senhor te enviar pra ela ser transformada. Ela precisa disso. Você é a esperança de muitas pessoas. Você é a única chance que elas têm de conviver minimamente com um pedacinho de Bíblia.

O crente lê a Bíblia. O mundo lê o crente.

Quando Jesus orou pela igreja, Ele disse assim: “Pai, eu lhes dei a tua palavra, e o mundo os odiou. Mas eu lhes peço, Pai: não tire eles do mundo. Livra eles do mal.” Por que Jesus pediu isso? Porque o mundo precisa de nós! Alguém precisa ir por nós. Nós somos esse alguém!

Peça pro Senhor te usar. Repita os versos desse louvor. Peça pro Senhor te fazer sentir a dor dessas pessoas. Pra você parar de falar mal delas com prazer. Depois, você vai até continuar falando mal das atitudes dela — mas vai falar com dor.

Não estou falando que não é pra pregar contra o pecado. Estou falando que é pra chorar na hora que prega contra o pecado. Se não corre uma lágrima do seu olho quando você diz que alguém vai pro inferno, pare de dizer. Porque tá dizendo errado.

O Senhor vai te quebrantar. Antes de te usar, Ele precisa te quebrantar.

Sem “ai de mim”, não tem santificação. O Senhor quer nos usar, mas antes a gente vai ser queimado. Antes, a dor do mundo precisa ser a nossa dor. Antes, o que magoa o coração do Pai tem que fazer os filhos chorarem também. Antes, os filhos têm que se abraçar com o Pai no choro pelos irmãos que ainda estão lá fora.

Vamos orar ao Senhor.

O Senhor nos conhece muito mais do que nós mesmos. Ô Senhor… perdão. Perdão, Senhor, por tanta arrogância. Perdão por a gente se achar tanto. O Senhor tá querendo fazer tanta coisa, e a gente atrapalhando com esse senso de que os outros é que precisam ser corrigidos…

O Senhor nos corrige agora. Sonda o nosso coração e nos quebranta. Baixa a nossa bola, Senhor. Ou a gente tá causando os problemas, ou a gente não tá cheio do Espírito Santo o suficiente pra impedi-los. Essa é a verdade. Simples e objetiva.

Ai de nós… Ai de mim, Senhor.

O problema não tá no mundo, não. O mundo tá aí, é pra isso mesmo. Quem é sujo, suje-se ainda mais. Não é o diabo que tem que se converter. Sou eu.

Quem é santo, santifique-se mais ainda. Deixa o mundo ser mundo. A igreja é que tem que ser igreja.

Ah Senhor… a gente não precisa que o mal do mundo se torne bem. A gente precisa ser bem pra vencer o mal.

Ai de nós. Ai de mim, Senhor. Perdão, Pai. Perdão por tanta reclamação. Senhor, eu às vezes sou insuportável. Eu reclamo demais. Não quero ser assim, Senhor. Eu quero dizer: “Ai de todo mundo”… não. “Ai de mim.”

Se eu me converter por inteiro, se eu for cheio do Espírito Santo, isso já será suficiente.

Um homem cheio do Espírito Santo foi capaz de converter a Ásia inteira pro Evangelho. Um homem cheio do Espírito Santo comoveu o mundo a abolir a escravidão. Um homem cheio do Espírito Santo dividiu a humanidade: antes e depois dele.

Se o mundo não mudou ainda, a culpa não é do mundo. A culpa é minha, Senhor. Preciso ser cheio do Espírito Santo.

A minha cidade é um lugar de gente de lábios impuros. E eu não tenho que esperar que a mudança venha deles. A mudança precisa vir de mim. Porque eu conheço o Senhor. Eu vi o Senhor, sentado no alto e sublime trono. E as abas de suas vestes enchiam o templo. E os serafins já me disseram que o Senhor é santo, santo, santo, e a sua glória enche toda a terra.

E os umbrais da terra se moveram com a voz do que clamava.

Então disse eu: “Ai de mim, porque sou um homem impuro e habito no meio de um povo de impuros lábios.”

Então um dos serafins voou até mim com uma brasa viva tirada do altar com um tenaz, com uma pinça, e tocou os meus lábios e disse: “Agora sim, você tá purificado. Agora sim a sua iniquidade foi perdoada. Não tô nem aí pro que você já fez de errado. Mas agora você sente a dor. Agora você sofre. Agora você sabe. Agora você sente o que Deus tá sentindo quando vê a alma se perdendo. Agora você sente o senso de urgência em falar a boa nova do Evangelho. Agora você sente como o mundo precisa ser amado.”

Então ouvi a voz do Senhor que dizia: “A quem enviarei? Quem há de ir por nós?”

Então disse eu: “Eis-me aqui. Envia-me a mim.”

E o Senhor me disse: “Vai!”

Senhor, nós estamos dizendo: “Eis-me aqui!”

Conta com a gente, Senhor. Que ninguém mais diga que não tem um crente nessa cidade pra fazer a vontade do Senhor. Tem nós aqui, Senhor. Podemos não ser os melhores, mas estamos dispostos. Estamos disponíveis. Dizemos: “Sim” ao teu chamado. Envia-nos a nós, Senhor. Eis-nos aqui.

E faça conosco o que a tua vontade quiser. O que o Senhor quiser.

Essa cidade agora tem gente resplandecendo a glória de Deus porque nós dissemos: “Sim. Envia-nos, Senhor, para a glória do teu nome.”

Abençoa-nos. E recebe-nos, em nome de Jesus.

E em teu nome nós dizemos que o amor de Deus, do nosso eterno Pai — que tem compaixão dos pecadores e nunca desiste daqueles a quem Ele ama — que a graça maravilhosa do Senhor e Salvador Jesus Cristo, o Filho amado de Deus Pai, que deu a sua vida pelas prostitutas, pelos publicanos, pelos mentirosos, pelos racistas, pelos hipócritas… o Deus que morreu pelos que não mereciam…

Que a graça desse Deus repouse sobre todos nós. Que a comunhão do Espírito Santo — que enche um homem ao ponto deste homem ser capaz de mudar o mundo — que a comunhão do Espírito Santo, que nos ensina como fazer o que nós não sabemos, que a comunhão do Espírito que testifica com o nosso espírito que, apesar de pecadores, nós somos filhos de Deus…

Repouse sobre todo o povo do Senhor. Sobre toda a terra. E que toda a terra se encha com a glória do Senhor. E que o conhecimento da glória do Senhor encha a terra como as águas cobrem o mar, desde agora e até a volta gloriosa do Senhor Jesus, quando todas as coisas serão redimidas e restauradas.

Amém, amém e amém.

Que o Senhor te abençoe. Vá… e diga assim:

“Vá por nós, Senhor!”

Brilha à noite… como ponte sobre as águas,
como abrigo no meu deserto.